segunda-feira, 27 de abril de 2009

1152. UM SANTO EM TOMAR (9)

Tomar, mais uma vez, ficou à margem da História. À margem da História de Portugal, onde tem escritas páginas brilhantes e inapagáveis, por muito que se esforcem os tecnocratas medíocres que transitoriamente comandam. E da sua própria história, parte de uma História maior. Nem uma palavra, nem um acto, nem uma iniciativa, para assinalar a canonização de D. Nuno Álvares Pereira, que por estas terras passou a caminho da defesa da independencia nacional. Da mesma independencia que ditou a fundação de Tomar, quando D. Afonso decidiu encarregar os Templários de construir um sistema de defesa de Coimbra, com a construção de vários castelos, entre eles, o de Tomar. Portugal não o seria hoje, sem Tomar. Nem a Camara, nem a Assembleia Municipal, nem a Junta, nem ninguém mexeram ontem uma palha que fosse para assinalar mais um dia maior. Zero. Ontem, foi um dia de alegria para Portugal, mas foi um dia triste em Tomar. Mais uma prova de que as elites locais não estão à altura dos pergaminhos desta terra mágica. Também, não sei por que raio hei-de estar surpreendido! Parece que para o actual, improvável e acidental Presidente da Camara, além da Ordem de Cristo ser a culpada do atraso destas terras, também ainda não se encontra provado que aqui se tenha dado o encontro das tropas de D. Nuno e D. João a caminho de Aljubarrota. Talvez seja boa ideia enviar os próximos candidatos a autarcas (e serão tantos este ano...) a cursos rápidos de História. Não é por eles, entenda-se. Cada um que trate da sua formação... e nos direitos de cada um inscreve-se certamente o direito à ignorância e à pequenez. É por Tomar, que não merece tanta pobreza de espírito, tanta ignorância, tanto adormecimento.

3 comentários:

Anónimo disse...

Contrapondo.

“Quanto a Nun’Álvares, a sua avidez e ganância são atestadas por numerosos incidentes, conflitos e reclamações. Assim, por exemplo, quando D. João I lhe doou os direitos de Almada, Nun’Álvares achou pouco e tomou conta, por sua iniciativa e abuso (sancionado depois com uma demanda) dos esteiros de Arrentela e Corroios. Os seus rendimentos provenientes das doações feitas por D. João I foram avaliados em 16.000 dobras cruzadas. Mais de uma vez, quando resistiam à sua desmedida ganância e à dos seus apaniguados, Nun’Álvares ameaçava… abandonar. Lutar, lutava. Mas mais bem pago que o rei. Assim Nun’Álvares se tornou senhor de Barcelos, Braga e Guimarães, Montalegre e Chaves, Ourém e Porto de Mós, Alter do Chão e Sousel, Borba e Vila Viçosa, Estremoz e Arraiolos, Montemor-o-novo e Portel e ainda Almada, Évora-Monte, Monsaraz, Loulé e muitos e muitos outros reguengos e muitas e muitas outras rendas de muitos e muitos lugares. É de um homem destes que a Igreja Catolica fez um Santo, erguendo-lhe uma igreja em Lisboa aonde os pobres vão orar-lhe e pedir-lhe a sua intervenção junto de Deus…”


Álvaro Cunhal, “As Lutas de Classes em Portugal nos Fins da Idade Média”, ed. Estampa, 1975

Anónimo disse...

Não sei se o comentador anterior terá agido de acordo com os melhores interesses da cidade. Ao citar o camarada Cunhal sobre um assunto tão sensível, se o Corvêlo ganhar as próximas autárquicas (como tudo indica neste momento, por causa da costumeira embirração da esquerda), para o ano não falha na romagem à capela de S. Lourenço, que o irmão maestro obriga-o a lá ir, pois o seu capital é a Canto Firme e Canto Firme sem o PC, respectivos companheiros de jornada, e a memória de Lopes Graça, cujo amor por esta terra foi tanto que até resolveu deixar o arquivo pessoal em Oeiras, a Canto Firme não é nada firme.

Anónimo disse...

Estranha mistura entre Cunhal, o PC e aquel grupo "estranho", "gasto" e completamente "idiota" que está instalado na Câmara Municipal.

Não só o Sr. não é Santo, como a sua contardição é uma perfeita perda de tempo. Só interessa se dá dinheiro a trazer turistas para cá.