quarta-feira, 21 de outubro de 2009

1872. PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL (157)


O caminho português de Santiago foi percorrido desde a idade média por milhares de peregrinos, entre os quais se contam o monarca D. Afonso II, a Rainha Santa Isabel e o rei D. Manuel I. O livro "A grande obra dos caminhos de Santiago/Iter Stellarum" editada em espanhol e em português e dirigida por Francisco Rodríguez Iglesias, recorda que, em 1219 el-rei D. Afonso II "foi a Santiago implorar a cura de uma grave doença que o importunava, provavelmente uma variante de lepra". A obra descreve, também, a viagem da Rainha Santa Isabel, que peregrinou até à capital galega em 1325, ano da morte do marido, el-rei D. Diniz. Já viúva e com 51 anos de idade, "fez grandes ofertas à catedral de Santiago, nomeadamente preciosas alfaias litúrgicas e, em consideração à sua pessoa, o Arcebispo local ofereceu-lhe um bordão e uma esportela de romeira de São Tiago". O livro em três volumes, que incluiu textos dos investigadores portugueses Carlos Alberto Brochado de Almeida, João Gomes de Abreu de Lima e Lourenço António Gorjão de Almeida e Silva, conclui que "foi possivelmente animada com os resultados da Peregrinação que a Rainha Santa deixou no seu testamento uma considerável verbas para apoiar hospitais e albergarias do reino de Portugal".

As viagens régias ao túmulo do apóstolo na Galiza incluem a de D. Manuel I que ali foi em 1502, com 33 anos de idade e sete de reinado. Na catedral ofertou uma lâmpada de prata para que estivesse sempre acesa e para isso instituiu rendas na Galiza compradas e pagas pelo almoxarifado de Ponte de Lima. De regresso, visitou a cidade de Braga e a sua vetusta Sé Catedral. O sacerdote, historiador e professor universitário, José Marques, da Arquidiocese de Braga defende, num trabalho intitulado "O culto de S. Tiago no Norte de Portugal", que "os reflexos, marcas ou consequências da devoção e do culto jacobeus nas terras a sul do rio Minho são muito anteriores ao início e consumação do processo de independência de Portugal". "Nessa altura já aí tinham surgido diversas paróquias com S. Tiago como orago ou padroeiro celeste, por certo, expressão da devoção e culto, que continuaram a crescer, mercê do fluxo das peregrinações populares, com a participação de nobres e clérigos e até, em casos raros, dos soberanos", escreve. A obra passa em revista as "antigas manifestações devocionais, tanto anteriores como subsequentes à autonomia política de Portugal, e não olvida os caminhos portugueses de peregrinação a Santiago". Evoca "a estrutura viária, com toda a riqueza dos seus aspectos arqueológicos, artísticos, económicos e culturais", e o "impacto religioso e social do culto e das peregrinações, no norte de Portugal", ao longo dos séculos. O documento recorda que o caminho de Santiago conseguiu "a valorização das regiões afins", sublinhando que se trata de "um fenómeno histórico de longa duração, que, não obstante a diversa amplitude das inevitáveis oscilações, constitui um poderoso elo de ligação entre Portugal - em especial da sua parte norte - e Santiago de Compostela, capital que é da Galiza".

Fonte: Lusa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Na Páscoa de 2007 um grupo de caminheiros de Tomar já percorreu o troço entre Padrón e Milladoiro, nas proximidades de Santiago, com passagem na Igreja de Esclavitud.

Aconselha-se vivamente a caminhar para Santiago, uma verdadeira delícia.

João Carvalho disse...

Em Setembro passado, tive a oportunidade de fazer em BTT os Caminhos de Santiago na companhia de dois amigos. Partimos da Sé do Porto e depois foram 3 dias e 270 km simplesmente fenomenais.
Aconselho vivamente.
Para o ano vou novamente !!