sábado, 4 de julho de 2009

1427. PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL (116)

A contar com mais de 11 mil artesãos por todo o país, o artesanato em Portugal parece estar em grande desenvolvimento, a ser exercido, cada vez mais, a tempo inteiro e atento aos meios de inovação. Para o presidente do Conselho Estratégico Nacional de Artesanato (CENA), Abílio Vilaça, o artesanato em Portugal está “de boa saúde e em franco desenvolvimento”. “Cada vez mais é uma actividade a tempo inteiro, com maiores exigências, com concorrência, onde também é necessário envolver-se no domínio da inovação”, adiantou. Deslocações constantes, uma vida nómada, intensa e sazonal. É assim a vida de um artesão que conta, essencialmente, com as Feiras de Artesanato, realizadas em todos o país durante o Verão, para tirar proveito do trabalho executado no resto do ano. “No Inverno é naturalmente um tempo de maior produção, já que a maioria das feiras se realizam no Verão e obriga os artesãos a deslocarem-se para esses espaços impedindo-os de estar a produzir. Diria que no Inverno produz-se e no Verão vende-se.”, explicou Abílio Vilaça.

Para o responsável, “as feiras concelhias e regionais são essencialmente vistas como iniciativas de animação cultural e lúdica, razão pela qual, no Verão, com o turismo e os emigrantes regressados, o sector conhece maior exposição pública pela via de pequenas feiras de artesanato”. “Diria mesmo que cada município tem uma feira de artesanato durante o Verão, situação que também é geradora de muito ruído no domínio da organização dos artesãos”, acrescentou. Quanto à produção, Abílio Vilaça admite que se têm verificado uma grande evolução a nível da tecnologia usada, recorrendo-se a materiais que não existiam antigamente e que, hoje, facilitam o trabalho e “garantem equidade e sobretudo mais qualidade”. No entanto, muitos artesãos optam ainda por seguir os métodos ancestrais.

A maioria dos artesãos creditados trabalha a tempo inteiro e muitos possuem, inclusive, trabalhadores a cargo, com uma tendência para um trabalho estabilizado em “full time”. Apesar disso muitos outros dedicam-se a outras actividades, nomeadamente agrícolas, como complemento dos seus proveitos. De acordo com Abílio Vilaça, estima-se que actualmente estejam ligados ao artesanato mais de 11 mil artesãos em Portugal, apesar do número de pessoas que possuem carta de artesão ronda os 1.800. Desta forma, o sector parece escapar à crise, tomando-se como exemplo o caso da “Adere Minho”, empresa de artesãos que criou um “franchising” para o artesanato minhoto e que está a criar lojas na região da Galiza, em Espanha.
No entanto, muitos artesãos consideram que ainda há coisas a melhorar e que deveria de haver uma “dignificação da actividade, maior reconhecimento e notoriedade, pois o artesanato é também a responsabilidade de manter a memória colectiva e de passar, às novas gerações, a tradição e cultura popular”. Neste momento está a decorrer a Feira Internacional do Artesanato (FIA), na FIL, “a maior de sempre”, onde se apresentam mais de 600 expositores de 45 países, vindos dos cinco continentes. Estima-se que no total estejam presentes, nesta edição, cerca de mil artesãos. De acordo com o director da Feira, Miguel Comporta, “a Feira Internacional do Artesanato regista um crescimento sustentado ao longo dos 21 anos da sua existência, sendo as feiras barómetros de mercado, confirmando a evolução deste sector de actividade”. Para o responsável, a Feira é um impulso ao sector, “desde logo porque leva o artesanato a mais de 100 mil pessoas que visitam habitualmente a FIA e porque tem o objectivo permanente de antecipar a evolução do sector”.

Fonte: Lusa.

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