A partida de António Paiva para o QREN, em desrespeito do mandato que os eleitores, de boa fé, lhe confiaram, abriu uma crise sem precedentes no PSD de Tomar. Os votos não são hereditários, não saltitam de candidato em candidato por osmose e a bel-prazer dos donos do jogo e a promoção de Corvelo de Sousa a presidente da Camara e, posteriormente, a candidato, veio criar mais problemas do que resolver os que já existiam. Carlos Carrão, o vereador laranja dos comes e bebes percorreu o concelho a dizer publicamente que ou era o candidato do PSD ou concorria como independente. Fez campanha, fez jantaradas de angariação de fundos para a sua campanha e, subitamente, sem razão aparente ou qualquer explicação, aparece metido no bolso, em segundo lugar na lista do PSD. Miguel Relvas não deixou os seus créditos por mãos alheias e trataou de neutralizar a divisão que se adivinhava. Carrão não foi o primeiro e não será o último a cair no encantamento de Relvas. Não temos dúvidas de que foi feito um negócio político entre Corvelo, Relvas e Carrão. Esse negócio só pode ser um, dada a reconhecida, legítima, embora assustadora, ambição de Carrão: Corvelo de Sousa está quase a atingir a idade da reforma, coisa que sucederá sensivelmente a meio do próximo mandato e, nessa altura, retira-se, ficando Carrão como presidente da Camara. Para além do verdadeiro susto que é imaginar Carlos Carrão naquele lugar (a Camara de Tomar é muito, muito mais que um bailarico de fim de semana de uma sociedade recreativa...), um negócio político destes revelaria (mais) um profundíssimo desprezo do PSD pelo eleitorado, torpedeando mais uma vez as escolhas dos eleitores. Um pingo de seriedade dita que o PSD esclareça e se comprometa, antes das eleições, a respeitar a vontade popular no caso de ganhar as eleições. Um pingo de seriedade dita que Corvelo de Sousa diga, antes das eleições, se é um candidato a brincar para meio mandato (assim uma espécie de "deixa-me fazer só uma perninha"...) ou se é um candidato a sério para o mandato em disputa. Um pingo de seriedade dita que Carlos Carrão diga, antes das eleições, que não aceitará vir a ser presidente "pela porta dos fundos", como sucede presentemente com o presidente em exercício. Tudo isto pode ser evidentemente uma ficção. Se o fôr, os envolvidos não terão certamente qualquer dificuldade em esclarecer, sem meias palavras, a que é que se candidatam e por quanto tempo... Já basta de salganhadas!
(Xadrez)
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