terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

855. TOMARPOLIS

A sociedade Tomarpolis, criada em 2002 para concretizar o programa polis em Tomar, vai extinguir-se, o mais tardar, no final de Junho, uma vez que os trabalhos que promoveu estão em fase de conclusão. Com mais de três anos de atraso em relação aos prazos inicialmente previstos, o Polis deixa em Tomar uma nova travessia do Nabão, a elevação das margens do rio (evitando as inundações na zona do Flecheiro), um pavilhão desportivo, um parque de estacionamento subterrâneo, arranjos exteriores nas áreas de intervenção e achados arqueológicos. Tomar foi uma das dez cidades seleccionadas para serem intervencionadas pelo Programa Polis em 2001, tendo sido contemplada com uma verba de 25 milhões de euros, assegurada em 10% pela autarquia e em 90% por fundos do III Quadro Comunitário de Apoio e por um contrato-programa assinado com o Governo.

Rui Monteiro, director-executivo da TomarPolis, disse à Lusa que a amplitude da intervenção projectada - o plano de pormenor do Flecheiro, mais amplo do que o previsto inicialmente, abrange uma área de 58,8 hectares, desde a ponte velha até Marmelais - não permite "modificar tudo de uma assentada". Assim, parte das intervenções projectadas irão ser alvo de candidaturas ao QREN, nomeadamente, segundo o presidente da autarquia, a construção das habitações para as 41 famílias que vivem em barracas na zona do Flecheiro desde 1974 e cujo realojamento havia sido apontado para este ano.

Rui Monteiro atribuiu o atraso no programa à burocracia que envolve a aprovação dos planos de pormenor. "Um demorou três anos e os outros dois vão para cinco, seis anos", disse, frisando que, logo na altura da constituição da sociedade, se teve a noção de que seria "um desafio muito grande", por os prazos serem difíceis de cumprir e as verbas escassas. A primeira obra, na zona desportiva, sofreu também alguns atrasos devido à descoberta de umas termas romanas do século II, cuja musealização a autarquia pondera agora candidatar a fundos comunitários. A terceira travessia do Nabão, a ponte do Flecheiro, foi inaugurada no final de 2008 e os arranjos exteriores à sua envolvente, junto à Igreja de Santa Maria do Olival - onde foi encontrada a que poderá ser a maior necrópole medieval da Europa -, deverão terminar em Abril, dando por concluídas as obras previstas no programa. A Sociedade pediu, por isso, que a data de extinção de 30 de Abril seja adiada para 30 de Junho, de forma a passar para a autarquia as questões que ficam pendentes, como a conclusão dos dois planos de pormenor que se encontram em discussão pública e outras, de carácter jurídico, como o diferendo com a empresa de arqueologia.

A Geoarque, subcontratada pela MRG/Abrantina, alega que a dimensão da escavação junto à Igreja (6.500 metros quadrados) e a quantidade de enterramentos existentes (3.400), obrigou ao reforço da equipa técnica, que praticamente triplicou. Corvêlo de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Tomar, disse à Lusa que a autarquia dificilmente aceitará este encargo como trabalhos a mais, porque "toda a gente sabia o que ia encontrar naquele local", admitindo que o processo possa vir a parar aos tribunais. A primeira fase do Polis foi orçada em 5,5 milhões de euros, valor idêntico ao orçamentado para a segunda fase, a que acresceram as verbas para estudos, projectos, concursos e despesas de funcionamento. O então presidente da autarquia, António Paiva, definiu, em 2002, como objectivo do Polis impedir a desertificação da cidade, que perdeu milhares de habitantes com o fim das indústrias tradicionais do papel e têxteis, e torná-la num espaço "aprazível e atractivo".

Fonte: Lusa.

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