terça-feira, 3 de novembro de 2009

1926. DIÁRIO (51)

Só aparentemente Portugal vive um período de acalmia. O futebol, o Queiroz, o Bento, o Jesus, o Jesualdo, o Cristiano, o inenarrável Madail, têm ajudado um bocado à festa, as sucessivas e cansativas eleições passadas adormeceram-nos de cansaço de discursos, photomatons e painéis de propaganda caros e feios, o frio está de volta, o Natal vem chegando devagarinho e, entalado entre uma crise que NÃO PASSOU, IRRA! e a esquizofrenia viral, hdfry567vekfuiuggnb, as televisões estão um bocadinho abandonadas à sua sorte, o que, aqui para nós que ninguém nos lê, até merecem, dadas as imitações rascas que fazem umas das outras. Este blogue para mim é antes de mais um exercício de liberdade resumido numas parcas palavras: quando me apetece, o que apetece. Apenas. Vários assuntos têm aqui passado sem o devido e fundamentado comentário, apesar de o merecerem. Porque, lá está, não me tem apetecido. Não o levem, caros leitores, rogo-vos, à laia de falta de respeito, que definitivamente não o é. Os leitores são quem mais respeito depois da minha liberdade. É apenas esse pequeno detalhe da inviolável liberdade. E só haverá Nabantia enquanto eu sentir que pode ser assim. Confesso que me assustei quando reparei que tinha 11 seguidores! Ui, onze seguidores, uma responsabilidade. Passado o primeiro embate, descobri que há quem esteja bem pior: o António Rebelo já vai para aí em 22. Um susto. Porque, digam lá o que disserem, ter seguidores muda tudo, nem que seja no subconsciente. Não é a mesma coisa ter a ilusão de que escrevemos só para nós e ter a certeza de que afinal escrevemos para uma multidão (critério: um a mais que eu já o é...). E eu quero preservar a liberdade, se é que me faço entender, de fazer de conta, ao menos isso, de que quando escrevo o faço sem a limitação de saber que há quem esteja à espera que não seja de, se entender que o mereço, disfrutar, pensar (presunção minha...), reflectir, no fundo para perceber melhor o sentido dos ponteiros do relógio do tempo inexaurível. Não sei se alguém reparou mas esta semana fiz um post sobre uma pessoa que nunca tinha visto na minha vida a não ser num relance de domingo e que me ficou marcada cá dentro por impressiva marca: o Sr. Custódio. Estou numa fase da minha vida que me interessam mais as pessoas e o seu intrínseco mistério, do que as frivolidades corvelianas, relvianas, vitorianas, marquianas, cristivianas, mundanas, superficiais, irrelevantes. Estes posts são efectivamente muito importantes e alarmantes. Mas sejamos francos: alguém se espanta? Alguém se surpreende? Alguém se interessa para além da factura mensal do SMAS, das cinco garrafas do Hugo ou das quatro malucas nuas que o Hugo pôs de molho no jaccuzzi (ah, gloriosos socialistas convertidos às mordomias das delícias burguesas...), para celebrar as lautas iguarias dos pequeninos poderes de campanário? Claro que não! E assim, fico eu, cá com a minha liberdade, porto seguro, esse sim, para sempre até haver sempre.

2 comentários:

Anónimo disse...

E faria algum sentido manter um blogue se não fosse para aí estamparmos a nosssa liberdade?

Sebastião Barros disse...

Agradeço-lhe a amável referência.
Não estou minimamente preocupado com aquilo que possam pensar os tais seguidores, dos quais só conheço três ou quatro.Procuro agir apenas e só de acordo com a minha consciência. Quem me conhece sabe bem que desde pequeno sempre ousei falar claro e urinar a direito, dizem uns, mijar fora do penico, dizem outros. Pontos de vista. De qualquer maneira, certo é que nunca ganhei nada em ser frontal. Pelo contrário. Mas agora também já é demasiado tarde para mudar de hábitos. Sobretudo no domínio da escrita.
Viva a democraciam ! Viva a república ! Mesmo coxas e toscas.