quarta-feira, 16 de setembro de 2009

1733. DIÁRIO (39)

Aquela cor de azul especial que anuncia o novo dia. Uma das vantagens de não dormir é aprender as cores do céu. Quando ainda não se percebe se está Sol ou vai chover. As alvoradas podem enganar. E, todavia, há coisas perenes que a todos os enganos e a todas as ilusões resistem. As pedras, por exemplo, as pedras, que acabam por condensar as memórias todas que chegaram até aqui. O ar carinhosamente fresco das manhãs. Tudo, tudo, tudo pode mudar, até a mais imprevisível das coisas. É sempre frágil o que julgamos certo, duradouro, sólido. Só o silêncio é seguro, mesmo quando desabam os ruídos de todas as iras à nossa volta. Já me aqueci várias vezes no silêncio durante os frios do Inverno. E já me refresquei no silêncio nos calores do estio. Há sempre uma vida paralela que ninguém vê quando nos olha. É isso a solidão. Essa radical substância de nós, que ninguém consegue resolver nem iludir. É mais fácil quando se sabe.

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