sexta-feira, 11 de setembro de 2009

1720. PELOS CAMINHOS PORTUGAL (151)

A antiga rota transfronteiriça de contrabando do café entre a zona alentejana de Marvão e a espanhola de Valência de Alcântara vai ser recriada, num percurso pedestre que é inaugurado domingo. O Percurso do Contrabando Romântico do Café é uma iniciativa do Município de Marvão (Portalegre), que pretende divulgar a rota antigamente usada para, de forma clandestina, passar aquele produto de um lado para o outro da fronteira. A inauguração, às 9 horas da manhã de Domingo, tem concentração prevista no adro da Igreja dos Galegos, povoação daquele concelho do Norte Alentejano, na raia com Espanha, que é ponto de chegada e de partida do percurso, numa extensão de sete quilómetros. "Veredas e caminhos sinuosos, altas paredes de granito, provocaram o eterno jogo do gato e do rato, praticado durante décadas por guardas e contrabandistas", lembrou hoje a autarquia, explicando que o contrabando era "transportado às costas, por quadrilhas que podiam atingir largas dezenas de pessoas". As quadrilhas percorriam os "trilhos acidentados" daquela região da raia e, às patrulhas da guarda, "cabia adivinhar qual a hora" e o "mapa" que os contrabandistas "utilizariam nessa noite". O primeiro passeio oficial por este antigo roteiro, que passa também pelo vizinho município espanhol de Valência de Alcântara, está integrado na primeira Feira do Café, que decorre em Marvão, a partir de hoje e até Domingo. A feira, promovida pela Associação Industrial e Comercial do Café, em conjunto com o município local, nasce da "necessidade de consagração do café, enquanto produto que marca a cultura, os hábitos sociais e alimentares da população portuguesa", explicaram hoje os organizadores. Especificamente em Marvão, segundo a organização, o café "desempenhou um papel importante na economia local", pela localização geográfica da zona "na intercepção de rotas comerciais ibéricas relevantes" e pela presença "no espaço do actual concelho de fábricas de torrefacção". O certame tem por objectivo "afirmar o café enquanto produto chave no desenvolvimento económico de Marvão e do país, com impacto social e cultural relevante, de âmbito nacional", asseguram ainda os promotores. Nos três dias do certame, vão estar representadas as várias áreas e sectores de impacto da actividade ligada àquele produto, começando pela produção, com a presença institucional dos maiores países produtores de café e do Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro. No capítulo da comercialização, a feira conta com as marcas de café a operar no mercado nacional e, ao nível da torrefacção, vão estar expostos artefactos de produção das fábricas que existiram em Marvão.

Além disso, através da decoração de estabelecimentos comerciais da vila, vai ser evocada a importância social do café, recriando o papel dos cafés na política, na literatura, na vida dos estudantes e nas relações sociais e familiares locais. Colóquios, com profissionais de saúde, para o esclarecimento de mitos inerentes ao consumo de café e divulgação dos respectivos benefícios, assim como exposições de trabalhos feitos com elementos relacionados com aquela bebida, são outros dos atractivos do certame.

Fonte: Lusa.

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