Apenas os cafés mais carismáticos resistem ao passar dos séculos nas principais cidades portuguesas, seja porque as gerações de cliente não se renovam seja porque o culto da “bica” e dois dedos de conversa tenha mudado de poiso. Nalguns casos, as caras dos estabelecimentos fizeram retoques de cosmética para actualizar a imagem mas outros a memória de outros tempos permanece inalterada. Em Março, a Brasileira de Braga reabriu ao público quando comemorava 102 anos de vida mas manteve o carisma de outros tempos, actualizado com obras de restauração e modernização, que incluíram a criação de duas novas salas no andar superior.
O estabelecimento continua com a frequência habitual. De manhã, reformados, turistas e profissionais liberais, uma clientela que à noite é substituída por intelectuais, professores, artistas, jornalistas, músicos e empresários.
O café havia fechado as portas em Setembro de 2008 para obras, no âmbito de um acordo com a ASAE (Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica), que exigia a renovação da copa e da cozinha. No Estado Novo, A Brasileira era frequentada por opositores de António Salazar, pelo que foi criado um novo estabelecimento, a Nova Brasileira, para satisfazer a procura de simpatizantes do regime. Mais a sul, em Lisboa, a História atribui o lugar de honra ao Café Restaurante Martinho da Arcada, no Terreiro do Paço, inaugurado em 1778 sob o nome “Café da Neve” (ganhou a actual denominação em 1845, quando foi comprado por Martinho Rodrigues) e ponto de encontro habitual de escritores dos séculos XIX e XX, como Fernando Pessoa.
Ainda hoje o poeta tem reservada a sua mesa, onde escreveu parte da sua obra, e os visitantes podem ver um poema escrito pelo próprio num menu. “O Fernando Pessoa é sempre uma referência e nós alimentamos esses espírito, fala-se sobre ele de manhã à noite, nem que seja em conversa…de café. Há muito turismo ligado a ele, aliás, hoje o Martinho sobrevive pelo turismo cultural, com muitos estrangeiros e escolas”, conta à Lusa António Sousa, proprietário do “resistente” estabelecimento há vinte anos. O responsável lamenta que a “aguda” crise económica sentida há anos no país e, em particular, na Baixa lisboeta, tenha atingido um pouco o histórico café: “Agora que a crise é internacional, também a sentimos. Em vinte anos nunca senti uma crise do turismo cultural, mas está muito latente”. Na Baixa de Coimbra, impõe-se pela sua arquitectura de estilo manuelino o café Santa Cruz, junto à igreja do mesmo nome, Panteão Nacional onde está resultado o rei fundador da nacionalidade, D. Afonso Henriques. Inaugurado em 1923, o café Santa Cruz é considerado o mais antigo da cidade, depois de terem desaparecido, nos últimos anos, históricos concorrentes como A Brasileira e Arcádia, também eles cafés do século XX, embora de criação mais tardia.
Segundo o gerente, Victor Marques, o primitivo café-restaurante Santa Cruz “fazia concorrência directa” a outros cafés luxuosos da época, como o Majestic, no Porto, e A Brasileira, em Lisboa. Durante décadas, o Santa Cruz teve colado o rótulo de “café dos unionistas”, os adeptos do popular clube de futebol União de Coimbra, enquanto os academistas frequentavam mais os cafés da zona do largo da Portagem, em especial o Arcádia. “Nos dias que correm, é o único café onde nos sentimos bem. Os empregados são muito simpáticos e o ambiente é esplêndido”, afirma Joaquim Santana, ferrenho “academista” que não se importa de frequentar território adversário.
O estabelecimento continua com a frequência habitual. De manhã, reformados, turistas e profissionais liberais, uma clientela que à noite é substituída por intelectuais, professores, artistas, jornalistas, músicos e empresários.
O café havia fechado as portas em Setembro de 2008 para obras, no âmbito de um acordo com a ASAE (Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica), que exigia a renovação da copa e da cozinha. No Estado Novo, A Brasileira era frequentada por opositores de António Salazar, pelo que foi criado um novo estabelecimento, a Nova Brasileira, para satisfazer a procura de simpatizantes do regime. Mais a sul, em Lisboa, a História atribui o lugar de honra ao Café Restaurante Martinho da Arcada, no Terreiro do Paço, inaugurado em 1778 sob o nome “Café da Neve” (ganhou a actual denominação em 1845, quando foi comprado por Martinho Rodrigues) e ponto de encontro habitual de escritores dos séculos XIX e XX, como Fernando Pessoa.
Ainda hoje o poeta tem reservada a sua mesa, onde escreveu parte da sua obra, e os visitantes podem ver um poema escrito pelo próprio num menu. “O Fernando Pessoa é sempre uma referência e nós alimentamos esses espírito, fala-se sobre ele de manhã à noite, nem que seja em conversa…de café. Há muito turismo ligado a ele, aliás, hoje o Martinho sobrevive pelo turismo cultural, com muitos estrangeiros e escolas”, conta à Lusa António Sousa, proprietário do “resistente” estabelecimento há vinte anos. O responsável lamenta que a “aguda” crise económica sentida há anos no país e, em particular, na Baixa lisboeta, tenha atingido um pouco o histórico café: “Agora que a crise é internacional, também a sentimos. Em vinte anos nunca senti uma crise do turismo cultural, mas está muito latente”. Na Baixa de Coimbra, impõe-se pela sua arquitectura de estilo manuelino o café Santa Cruz, junto à igreja do mesmo nome, Panteão Nacional onde está resultado o rei fundador da nacionalidade, D. Afonso Henriques. Inaugurado em 1923, o café Santa Cruz é considerado o mais antigo da cidade, depois de terem desaparecido, nos últimos anos, históricos concorrentes como A Brasileira e Arcádia, também eles cafés do século XX, embora de criação mais tardia.
Segundo o gerente, Victor Marques, o primitivo café-restaurante Santa Cruz “fazia concorrência directa” a outros cafés luxuosos da época, como o Majestic, no Porto, e A Brasileira, em Lisboa. Durante décadas, o Santa Cruz teve colado o rótulo de “café dos unionistas”, os adeptos do popular clube de futebol União de Coimbra, enquanto os academistas frequentavam mais os cafés da zona do largo da Portagem, em especial o Arcádia. “Nos dias que correm, é o único café onde nos sentimos bem. Os empregados são muito simpáticos e o ambiente é esplêndido”, afirma Joaquim Santana, ferrenho “academista” que não se importa de frequentar território adversário.
A Lusa não se devia ter esquecido do mítico Paraíso de Tomar!
Fonte: Lusa.
Fonte: Lusa.
(Foto)
1 comentário:
Bom dia.
Absolutamente de acordo.
"...Panteão Nacional onde está resultado o rei fundador da nacionalidade...", obviamente um lapso.
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