quarta-feira, 10 de junho de 2009

1327. RÉPLICA A NUNO GARCIA LOPES

Nuno Garcia Lopes em longo texto publicado na edição de ontem de O Templário responde a um post do Nabantia sobre as Conferencias sobre o Surrealismo promovidas pela Camara Municipal de Tomar na Casa dos Cubos. Este texto, que agradeço pela distinção pessoal que encerra e pela polémica sadia que propicia, merece-me os seguintes comentários:

1º Registo com satisfação que Nuno Garcia Lopes reconhece que o anonimato do Nabantia não é uma arma de difamação. Não é mesmo. Quando aqui se critica alguém faz-se exclusivamente do ponto de vista das suas atitudes públicas e essas são permanentemente escrutináveis, em toral liberdade de opinião. O anonimato, quando não serve para a porcaria, é legítimo. Se não teríamos também de ser contra os pseudónimos, o que seria anti-cultural... Foi uma opção que fiz e manterei, embora compreenda a curiosidade de todos quantos gostariam de conhecer a identidade do autor destas humildes linhas.

2º Nuno Garcia Lopes diz que eu me equivoquei e que não estavam três assistentes nas Conferencias, mas não diz quantos estavam. Esclarece que só funcionários da Camara eram mais, mas também não diz quantos. Assim é fácil contestar-se, assim a modos que "ah e tal isso não é verdade mas eu não sei dizer a verdade"... E eu, que não sei, pergunto: será que mandaram chamar funcionários da Camara à última da hora para compor a plateia? Se calhar ao princípio eram mesmo três ou não?... Enfim, sempre se reconhece que as presenças ficaram aquém das expectativas. Já é alguma coisa.

3º Registo que sobre o custo da iniciativa também Nuno Garcia Lopes não sabe responder. Sabe responder sobre o custo de outras iniciativas relativamente às quais nunca me pronunciei e agradeço essa informação. Mas compreenderá que num tempo de profunda crise social e económica como a que vivemos faça sentido saber onde se gasta o nosso dinheiro. Não é ofensa. Sobretudo quando se trata de uma Camara que habitualmente o desbarata em coisas mal feitas e em indemnizações judiciais resultantes de mera incompetência de gestão.

4º Agora um ponto mais importante: também concordo que seria uma desgraça se estivéssemos à espera das instituições públicas para promover iniciativas culturais. Até digo mais: eu acredito é na cultura feita por cidadãos e instituições civis. Questão bem diferente é a de saber se a Camara Municipal deve ou não ter uma estratégia de criação de condições para que as iniciativas privadas da cultura floresçam e aí mantenho que sim e que a Camara Municipal de Tomar não tem. Vai fazendo e apoiando coisas sem fio condutor, sem nexo entre si, numa política de eventos (horrível vocábulo...), como agora desgraçadamente se diz, muitas vezes aberrante, como foi o caso de comemorar o Dia Internacional dos Museus com uma largada de papagaios! E, caro Nuno Garcia Lopes, garanto-lhe que sei mais do que digo e que sei inclusivamente como foram tratadas e travadas pela Camara iniciativas empreendedoras de jovens tomarenses apenas pelo medo que quem decide tem de decidir e que é responsável pelo atraso de Tomar em várias frentes!

5º E digo mais, essa estratégia que defendo que a Camara deve ter não pode estar desligada da história de Tomar, dos seus símbolos e da sua identidade, que aliás se projecta como parte essencial da história e da identidade nacionais. Pena que os responsáveis da Camara desprezem essa história e até a destruam, como é o caso da trágica desfiguração do centro histórico de Tomar.

6º Sobre a sensibilidade cultural de Fernando Corvelo de Sousa não me pronuncio porque não o conheço pessoalmente. Das declarações que tem feito e só me interessa a sua actuação pública e não os seus gostos pessoais, concluo que que não está à altura da função que exerce porque nega precisamente a mais valia histórico-cultural de Tomar. Mas também digo que nestas coisas, sensibilidade não basta. Eu também tenho muita sensibilidade para o futebol e seguramente que não me passa pela cabeça ser contratado para jogar no Benfica, nem ser treinador da selecção nacional... Mas cada um avalia as suas próprias limitações. Por mim, reafirmo que a Camara Municipal de Tomar não tem visão nem estratégia que permita criar as condições para fazer de Tomar uma capital portuguesa da cultura, como tem todas as condições para ser e com as consequências sociais e económicas que adviriam dessa estratégia.

Post-Scriptum: agradeço, sensibilizado, as amáveis palavras solidárias de Sebastião Barros, no Tomar a Dianteira, sobre esta polémica.

3 comentários:

Rui Ferreira disse...

Sobre os pontos 4, 5 e 6:
Excelente constatação!
Sobre os outros pontos, estou fora do assunto mas apreciei o tom cordato da troca de pontos de vista.

Sebastião Barros disse...

Nada a agradecer. Como foi dito, trata-se apenas de solidariedade entre combatentes da mesma luta, neste caso felizmente pacífica. Já era tempo!

Sigillum disse...

Excelente.