segunda-feira, 25 de maio de 2009

1264. PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL (87)

O comércio do vinho do Porto e as ligações a Inglaterra estiveram na base da fundação do "The Boavista Footballers", em 1903, génese do agora agonizante Boavista Futebol Clube, “atirado” domingo para o terceiro escalão do futebol português. O Boavista nasceu de uma brincadeira de um grupo de ingleses e portugueses, mestres e técnicos da empresa exportadora de vinho do Porto "Graham", num terreno situado na Mazorra, hoje conhecido por Ciríaco Cardoso. Em 1905, dois anos após a sua fundação, o Boavista Footballers contava já com um grande número de sócios ingleses e portugueses, que se uniram em torno do objectivo comum de construir um campo de jogos na zona do Bessa. Já denominado por Boavista Futebol Clube, após cisão com os ingleses, que queriam jogar ao sábado, dia normal de trabalho em Portugal, a inauguração do campo de jogos ocorreu a 11 de Abril de 1911. O clube adoptou para símbolo um escudo rectangular, cujo campo é formado por 13 quadrados pretos e doze brancos, dispostos em xadrez, encimado por uma coroa dourada, como a do antigo brasão do Porto. Este não foi o primeiro emblema do Boavista, que registou algumas evoluções gráficas ao longo dos anos. Os quadrados visam representar a muralha contra a qual se quebra o ímpeto dos adversários. Ironicamente, 106 anos após a sua fundação, a arruinada muralha "axadrezada" está a desmoronar-se. Depois da descida de divisão no âmbito do processo "Apito Final", em 2008, o clube voltou agora a descer de divisão. A crise financeira profunda, com o amontoar de dívidas da gestão ruinosa da presidência de João Loureiro, reflectiu-se desportivamente no rendimento da equipa, que não conseguiu evitar a despromoção à II Divisão. O "xadrez" acabou por ser adoptado como a imagem de marca do Boavista, mas o historial dos equipamentos regista ainda camisa preta e calção branco, camisa às riscas pretas e brancas e calção preto e camisa azul, vermelha e branca e calção preto. O clube, que mais recentemente adoptou a pantera como símbolo, presente em duas esculturas em frente ao estádio, reclama para si o facto de ter sido pioneiro na profissionalização, ocorrida em Janeiro de 1933. A ideia dos actuais equipamentos é atribuída ao ex-presidente Artur Oliveira Valença, na altura também proprietário do jornal Sports, que a importou de uma ida a França e depois de observar uma equipa local ao "xadrez".

Em 1972, o Estádio do Bessa sofreu profundas remodelações, com o arrelvamento do campo e construção de bancadas, entrando o clube, pela mão de, entre outros, Olímpio Magalhães e Valentim Loureiro, na era moderna. O Bessa, um dos palcos do Campeonato da Europa de 2004, voltou a sofrer profundas remodelações a partir de 1998, com a demolição de uma das bancadas, que possibilitou ao Boavista construir um novo estádio em cima do antigo. Sempre com o relvado em utilização para jogos, sujeito apenas a uma paragem entre Maio e Junho de 2002, para rebaixamento e colocação de novo tapete, o Boavista foi, faseadamente, deitando abaixo e construindo as bancadas. A casa "axadrezada" faz lembrar os míticos estádios ingleses, em que o público está muito chegado ao relvado, tendo as bancadas, nomeadamente ao seu nível superior, uma inclinação próxima dos 45 graus. O estádio, integrado na zona habitacional da Boavista, bem servida de acessos às principais vias de acesso ao Porto, apresenta uma capacidade de 28.263 lugares e inclui restaurantes, ginásios, salas para eventos e auditório. O clube, apesar da crise, mantém em actividade as secções de atletismo, andebol, boxe, ciclismo, desporto adaptado, futsal, esgrima, futebol feminino e veteranos, ginástica, judo, karaté, natação, ténis, voleibol, xadrez e ténis.

Fonte: Lusa.

Sem comentários: