sexta-feira, 13 de março de 2009

976. PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL (36)


Já se navega na totalidade do Douro nacional desde o início do mês, com a reabertura das eclusas do Carrapatelo, Régua e Pocinho, dando início à época de cruzeiros e barcos-hotel, entre o Porto até Barca d'Alva. Várias empresas propõem pacotes turísticos para o rio Douro, mas só três empresas navegam até Barca d'Alva. A partir daí, uma zona de 'muito pé', exclui todos os barcos de médio porte até à barragem de Saucelhe - sem eclusa - para o resto dos 120 quilómetros de rio Internacional. A DouroAzul, de Mário Ferreira, é a única empresa portuguesa a disponibilizar um barco-hotel que se demora neste lado do rio 'superior' e oferece 'tours' alternativos no território português, que visitam o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Cada barco-hotel permanece dois dias no cais de Barca d'Alva, o que agrada aos habitantes locais, e 'os ingleses', como lhes chamam, sobem duas vezes por semana a Figueira de Castelo Rodrigo para visitar a sua Aldeia Histórica, o Convento de Santa Maria de Aguiar, um conjunto de painéis de azulejos pintados à mão existente no edifício dos Paços do Concelho e contactarem com a cultura e as tradições locais. Emílio Mesquita, autarca de Vila Nova de Foz Côa, não vê cruzeiros “parar” no seu concelho, apesar de ter um cais “estratégico para acostagem de barcos no Pocinho”, mas que não está “de maneira nenhuma em condições para projectos turísticos”. “A ampliação e requalificação do cais do Pocinho, estão ainda em fase de projecto, que prevê um hangar para remo, um restaurante, sanitários e lojas para venda de artesanato”. Para Emílio Mesquita, “as empresas que navegam no Douro, de uma maneira geral, operam em circuito fechado”, e para “esse turismo de grande escala, terão de ser criados pontos de atracção, actividades e algum chamariz que as façam parar”. “Com o Museu do Côa, que poderá alterar tudo isto, penso que os próprios operadores vão ter interesse em fazer ali uma paragem, que para além do cais de acesso, cujo local está já identificado, terá uma estação na linha de comboio, que tem que ser feita”, acredita o autarca. “Tem havido diálogo com os Ministérios das Obras Públicas e da Cultura nesse sentido e ainda não vi ninguém a hesitar ou a voltar atrás”, afirma Emílio Mesquita. Por seu turno, António Edmundo, presidente da autarquia de Figueira de Castelo Rodrigo, acredita que “a linha Pocinho-Barca d'Alva, será uma porta inevitável para Espanha e um cais de partida para as visitas ao Douro e ao Vale do Côa”. “Agora que se avizinha a abertura do Museu do Côa, obra que deverá colocar a região a funcionar com Espanha, só o ultimo troço ferroviário que falta ao Douro complementará os fluxos fluviais, que são já uma realidade”, preconiza. “É um investimento âncora para a nossa região e, desde a primeira pedra, defendemos numa petição que esse museu deveria ter acessibilidades rodoviárias, fluviais e ferroviárias, sob pena de se tornar um 'elefante branco'”, salienta. “Note-se que dos 12 milhões de turistas que entram em Portugal, uma grande percentagem são espanhóis, que quase não procuram o Douro”, alerta o autarca de Figueira de Castelo Rodrigo, que tem apostado tudo na fronteira “fulcral” de Barca d'Alva. A curto prazo deverá ser inaugurado o segundo cais de acostagem de Barca d’Alva, um passeio ribeirinho que liga o rio Douro à Foz do Águeda. Segundo a autarquia, desembarcam anualmente no cais turístico fluvial cerca de 40.000 turistas, vindos de cruzeiros efectuados no Douro.

Fonte: Lusa.

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