quinta-feira, 18 de setembro de 2008

479. A HISTÓRIA DO ABRANTES F. C.

O presidente do Abrantes FC admitiu hoje que o clube “está a pagar a factura” com a desclassificação da II Divisão de futebol e da Taça de Portugal depois de ter vivido “muito acima das reais capacidades financeiras”. “Nos primeiros anos, o clube viveu muito acima das reais capacidades financeiras e estamos agora a pagar a factura disso”, disse à Agência Lusa Alberto Lopes, reconhecendo que o Abrantes FC “teve um crescimento muito rápido e uma queda abrupta”.
Apesar da desclassificação da equipa sénior, o clube manterá em competição os escalões de juniores e escolinhas, garantiu o dirigente, que reconhece ser “provavelmente um dos clubes com mais associados do distrito de Santarém (1400)”. O clube, que militava na II Divisão nacional desde 2004/05, foi fundado em 1998, tendo conquistado os títulos de campeão da I e II Divisões distritais de Santarém, uma Taça do Ribatejo e uma Supertaça distrital.
Alberto Lopes disse ter gerido o clube “sempre no fio da navalha”, com “problemas em catadupa” e assegurando que “em 2007/08, quando houve alguns impedimentos, adiou-se a morte”, devido aos vários processos em Tribunal com fornecedores e no Tribunal do Trabalho com ex-jogadores. Dos 22 jogadores contratados esta época, “a grande maioria já está comprometida com outros clubes”, assegurou o presidente do Abrantes FC, referindo que “quatro ou cinco jogadores necessitam de certificado internacional e não poderão ser inscritos até Dezembro”. "Vamos fazer tudo o que for possível fazer para minimizar o sofrimento destes atletas”, afirmou Alberto Lopes, acrescentando que se reuniu com os jogadores e restante direcção e que reunirá com os sócios, em Assembleia-Geral, na próxima semana, para "explicar o que foi feito para solucionar o problema".
Para a presente época, o Abrantes FC apresentou um orçamento de 104 mil euros, “um terço do montante de há três épocas atrás”, mas não inscreveu a equipa sénior devido a impedimentos, resultantes de dívidas a dez jogadores e um treinador, que remontam às épocas de 2004/05 e posteriores, na ordem dos 140 mil euros, segundo Alberto Lopes.
O primeiro presidente do Abrantes FC, João Viana, garantiu à Lusa que, durante a sua gestão, “os custos eram muito diferentes porque o clube estava na II e I Divisão distrital”, mas questiona: “Será que o clube alguma vez teve receitas suficientes para participar numa II Divisão nacional?”. O ex-dirigente frisou “lamentar profundamente” a desclassificação do clube, manifestando disponibilidade a fim de “conjugar esforços para reanimar o clube”. Opinião partilhada pelo vereador da Câmara Municipal de Abrantes com o pelouro do Desporto, Manuel Valamatos, que afirmou “esperar que seja uma questão circunstancial”. “Não vai jogar este ano, mas espero que retome na próxima época”, sublinhou à Lusa o autarca, destacando que “o clube não conseguiu aguentar todas as despesas que fizeram ao longo da existência do clube”.
O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) desclassificou o Abrantes FC, depois das faltas de comparência nas duas primeiras jornadas do campeonato, frente ao Nelas e ao Pampilhosa, e da não realização do jogo diante do Paredes (III Divisão) na segunda eliminatória da Taça de Portugal, após ter ficado isento na primeira. A FPF evoca o artigo 58º do Regulamento Disciplinar, segundo o qual, os clubes que cometam "falta de comparência injustificada em dois jogos oficiais consecutivos ou três interpolados" incorrem numa infracção disciplinar muito grave "de desistência de prova", remetendo para o 46º artigo do mesmo documento.
"Em caso de desistência após o início de prova disputada por pontos organizada pela FPF é averbada a desclassificação, sendo o clube punido ainda com baixa de divisão, suspensão por duas épocas desportivas" e uma multa, no caso da II Divisão, no valor de 2.500 euros, detalha o referido artigo. Para o presidente do Abrantes FC, Alberto Lopes, a “chave da decisão” fica a dever-se “à não aceitação da justificação da falta de comparência frente ao Pampilhosa, que não informou a FPF do pedido de adiamento, depois de ter o combinado verbalmente com o Abrantes FC”.
Fonte: Lusa

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