quarta-feira, 27 de agosto de 2008

431. A PSP DE TOMAR CONFESSA-SE

Mário Lucas é um dos muitos moradores na Alameda 1 de Março. Apesar de o direito ao sono justo não constar da infindável e desrespeitada lista de direitos consagrados na Constituição, este cidadão, um turra teimoso por certo, acha que tem o direito de dormir. Uma aberração, está claro. Nós vivemos na era do barulho, não no tempo do sono. Vai daí, apresentou-se na reunião pública do executivo municipal, contestando o ruído proveniente do bar “Willy`s”, sito à mesma Alameda, que, em seu entender, “mais parece uma discoteca”, queixando-se que só consegue dormir duas horas por noite. Julgava o cidadão Mário que o seu sono era assunto de interesse público, justificando a intervenção das autoridades. Um turra, está visto. Eis senão quando o cidadão Mário informa o atento executivo municipal de que recorreu a sucessivas intervenções da PSP. O problema é que o estabelecimento comercial em causa não cumpre o horário de funcionamento. Mas a PSP, ai a PSP, cuja sigla, por extenso, significa Polícia de Segurança Pública e não Polícia de Sono Público, tenha dado ao cidadão Mário, um turra, está visto, a resposta informal do seguinte teor: “não é de estranhar, porque em Tomar nenhum estabelecimento cumpre o horário”.
Ora aí está uma resposta digna de uma autoridade: a confissão de que ninguém cumpre a lei. No fundo, talvez seja para isso que serve a autoridade. Apenas para informar os cidadãos da quantidade de prevaricadores e não para impedir a prevaricação. O cidadão Mário, entretanto, tem sempre uma alternativa: mudar de casa. Claro. Nem o bar, nem a PSP, nem a Camara têm culpa que o cidadão Mário, um turra, está visto, more exactamente por cima de um dos bares de Tomar que não cumprem a lei e que segundo a certamente bem informada PSP, são todos os bares de Tomar. Viva a Lei! Viva o Estado de Direito! Viva a autoridade! Abaixo o cidadão Mário, um turra que quer apenas perturbar o normal funcionamento da ilegalidade em Tomar.

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