quarta-feira, 22 de abril de 2009

1113. PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL (57)


O Museu da Filoxera vai ser instalado em Provesende, aldeia onde Joaquim Leite Pereira começou a combater esta praga que no século XIX praticamente destruiu a produção de vinho do Porto no Douro, anunciou hoje a Câmara de Sabrosa. O museu é uma iniciativa da Câmara de Sabrosa e vai integrar a rede de núcleos museológicos do Museu do Douro, com sede em Peso da Régua. A praga da filoxera, que foi provocada por um insecto originário da América, surgiu pela primeira vez em Portugal no concelho de Sabrosa, em 1863, em plena região Demarcada do Douro. Foi Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira, um dos maiores proprietários da região e residente em Provesende, quem deu início ao combate da praga que assolou a mais antiga região demarcada do mundo, o Douro. Em 1878, calculava-se a produção perdida, só no Douro, em mais de três milhões de litros, no entanto, com o rápido alastrar da praga, sete anos depois o prejuízo era já de mais de 16 milhões de litros, correspondentes a um terço da produção total antes da filoxera. Num período de cerca de vinte anos a produção do Vinho do Porto foi praticamente destruída e a maioria dos viticultores entrou em ruína. Aos efeitos económicos juntaram-se os sociais, paisagísticos e de práticas culturais. Muitas famílias ficaram arruinadas, propriedades mudaram de mãos, a emigração e a migração aumentaram consideravelmente e os terraços carregados de videiras foram substituídos por mortórios. Para arranjar meios de subsistência para as famílias durienses foram introduzidas novas culturas, tendo sido inventariadas no Douro, em 1905, mais de 30 milhões de folhas de tabaco. Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira estudou o efeito de resistência da enxertia das castas portuguesas em castas americanas e introduziu a nova técnica nas vinhas do Douro e do resto do país. Foi através deste processo que foi recuperada a produção vitícola do país. O museu vai ficar instalado num lagar tradicional situado no meio da aldeia, construído no século XIX e que ainda possui vestígios de um sistema de aquecimento para precipitar a fermentação, o qual, segundo a autarquia, tem despertado a curiosidade de vários especialistas. A Câmara Municipal de Sabrosa quer "valorizar o património da aldeia vinhateira de Provezende e atrair turistas que possam constituir um forte contributo para o seu desenvolvimento económico".

Fonte: Lusa.

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