sexta-feira, 10 de julho de 2009

1447. PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL (123)

O Teatro Ana Pereira, em Alenquer, está degradado e nem a Santa Casa da Misericórdia, proprietária, nem a Liga dos Amigos de Alenquer (LAA), que ocupa o espaço, chegam a acordo para recuperar o edifício construído em 1893. O edifício da Liga dos Amigos de Alenquer (fundada em 1958), onde está o Teatro, pertence à Santa Casa da Misericórdia que, desde 1973, não cobra renda à LAA, ficando a colectividade responsável pela manutenção e limpeza do espaço. De acordo com Virgílio Morais, membro da direcção da Liga, o Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) atribuiu um subsídio de 10 mil euros à colectividade para recuperar o Teatro Ana Pereira. No entanto, depois de atribuído o subsídio, a Santa Casa da Misericórdia não permitiu que fosse a Liga a gerir o dinheiro e conduziu ela mesma as obras, segundo Virgílio Morais. "As obras foram mal geridas, não havia necessidade de degradar o teatro em si só com a recuperação do telhado", acusou Virgílio Morais, acrescentando que "o resto do teatro está 50 por cento ou mais pior do que estava” antes das obras (feitas no quarto trimestre de 2002), devido às infiltrações que se agravaram quando o telhado foi recuperado. Manuel Guerra, actual provedor da Santa Casa (que era na época vice-provedor), explicou à Lusa que não podia ser a Liga a gerir o subsídio para recuperação do Teatro porque isso implicava que fosse cedido à colectividade o "direito de superfície" do edifício e "a direcção não podia alienar-se de um património que não é seu, é da instituição Santa Casa." “Era da responsabilidade da Liga fazer a manutenção do espaço. Se (o edifício) precisava de obras no telhado, era por falta de manutenção”, afirmou Manuel Guerra. Antes das obras no espaço do Teatro e da Liga, a Santa Casa tinha feito duas propostas de recuperação de todo o edifício (em 2001 e 2003), as quais foram "liminarmente recusadas pela direcção da Liga", segundo o actual provedor. No entanto, Virgílio Morais explicou que as duas propostas da Santa Casa foram rejeitadas porque implicavam que a Liga ficasse confinada a um “espaço muito pequeno”, perdendo o acesso ao Teatro Ana Pereira e ao salão do piso superior. Entretanto, Liga e Santa Casa nunca se entenderam e o Teatro, apesar de ter o telhado reconstruído, continua degrado, sobretudo o palco e a boca de cena que não têm quaisquer condições de utilização. A bancada superior da plateia, com capacidade para 12 pessoas, está suportada por vigas de reforço, colocadas para impedir a sua queda. O último espectáculo feito no Teatro Ana Pereira foi uma revista à portuguesa, há cerca de 12 anos.

Fonte: Lusa.

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